Labirintos

O avanço pode ser em direção a uma parede, que cumpre a função de redirecionar os passos.
(Andrea Carolina)

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Arte

Arte... e quem define? É como querer explicar o que alguns chamam de Deus: grande bobagem. Não quero definir nada, só quero expressar minhas impressões.
Pra mim a Arte pulsa, o tempo todo. É tentativa concreta de manifestar o invisível. Me sustenta. Me salvou diversas vezes.
Vivenciando meu vazio, impossível não me lembrar de Drummond quando pensa a ausência. Arte é assim, semente que se manifesta em Obra e avança sobre solos férteis. Carlos fala de dois tipos de ausência, e obviamente não vou me lembrar das palavras que criaram as frases que AGORA são minha semente.

O divertido é observar a dualidade que uma mesma palavra carrega nessa semente:a ausência sem sentido e a ausência que move. Lembrando disso, penso o vazio que me preenche de tudo e nada, abrindo possibilidades infinitas que me embriagam. Mas, coexiste o vazio que me engole... aquele que me afasta de mim e me aproxima das expectativas alimentadas pelas carências e faltas que esta personalidade experimentou e não transformou. Esse vazio me faz pensar "Estou cheia! desse vazio".
Os paradoxos denunciam meus abismos. Preciso de abismos e, confesso, consigo amá-los depois que eles revelam minha imensidão.

Escrever é desvendar. Coisa enfadonha quando o que se quer é entender. Não quero entender nada. Aqui não procuro saídas, só busco consciência em cada passo. Isso pode ser chato pra você, mas pra mim é exercício diário. Clarice dizia que não escrevia pra mudar nada, se remetia ao fato como uma simples tentativa de desabrochar. Juro que cada átomo meu entende isso. Não quero convencer ninguém, nem ouso almejar mudanças com o que escrevo. Só escrevo. E, mais uma confissão: tenho a estranha certeza de que ao tentar desabrochar acontecem coisas mágicas, mas isso é assunto pra um novo texto.
E o coração (a quem pertencem os paradoxos)? Nada sei a respeito. Em uma intensa tentativa de exploração, só consegui ter a percepção de que nada tem a ver com a emoção. A gente adora confundir. Emoção é burra, sem a razão dá origem à expressão "meter os pés pelas mãos". Nó nada agradável. Coração não precisa de razão. É e ponto. No coração ponto final vira reticências sem medo do que está por vir. Por isso eu insisto em buscar meu coração, mesmo sabendo que ele vai escapar na hora da contração.

Arte é o coração que visita o artista de repente. Depois de muita técnica, muito estudo e prática. Renato avisou que disciplina é liberdade... consegues pensar liberdade maior que o coração proporciona?? Com ele razão e emoção ocupam o lugar justo, na medida. Logo, não conduzem a dança (isso sim é liberdade). Essa tal dança do meu mundo, que vira e mexe perde o passo. Vira e mexe é a ausência. Ausência disso que alguns chamam de coração.


Arte é tudo o que nos liberta de nós mesmos, é o coração no seu devido lugar guiando a brincadeira de AGORA aqui estar.

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