Labirintos

O avanço pode ser em direção a uma parede, que cumpre a função de redirecionar os passos.
(Andrea Carolina)

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Sobre direitos autorais

IMP: Existe, neste vazio em especial, uma linha de raciocínio que só pode ser notada caso você leia as últimas 6, 7 ou 8 páginas postadas. Hoje meu vazio está tão cheio que precisa de espaço!

A Arte dá significado às contradições que tanto perturbam. Vale a pena quando é perpetuada com respeito e com honestidade. Nesse momento, o coração está presente.

Se não quero explicar nada, porque a preocupação com esse tema?
As contradições são poderosas. Se você souber se movimentar com tranquilidade naquelas que te acompanham, vai perceber que elas são a fonte do nosso processo criativo. Criamos porque o que percebemos não basta. Nossas contradições exigem a permissão para que possam se complementar - é muito bonito quando traduzido em palavras, mas na prática exigem trabalho árduo,olhar pra dentro,ritmo e constância. Isso dói e incomoda, afinal só quando aceitamos nosso lado marginalizado é que abrimos os portais da criação. Caso contrário, imitamos. Nos distanciamos do que poderíamos rotular de poder pessoal: aquela força que te move em direção àquilo que te basta.

O amor

Tremor que faz pensar. Abalo sismico que faz duvidar.

Estou aqui pra te ajudar??
É claro que não. Nem por mim sou capaz de alcançar essa paz que gostaria de te dar.
Oferecer o que não há é vender ilusão onde ela instalada está.

Estou aqui pra seguir. Seguir em frente, aberta para o que há de chegar, com a certeza de que não importa onde tudo isso vai dar.
Seguir em busca dessa tal integridade que tanto me faz sonhar, e só por isso a Arte manifestar.

Sou você e sou 7 bilhões de agir, sentir e pensar. Sou um universo extremamente difícil de desvendar. Porque expando e contraio enquanto danço neste eterno aprender e sonhar. Aprender a sonhar. Sonhar em aprender e apreender o que de mim ninguém vai poder tirar.

Mais símbolos

Não leia sem antes visitar as últimas 5, 6 ou 7 postagens deste humilde pensar.

E como não lembrar do Louco?? Arcano do tarot que transita por todos, aberto e certo de que qualquer lugar vai prestar ao propósito que a Alma anseia alcançar.

Ele está na beira do abismo. Nada mais pertinente no momento.

É o arquétipo do palhaço. É infinito. Entrega, porque entende de improviso. É o coringa, se adapta a qualquer resultdo. Liberta, porque não tem medo de ser fracassado. Vitória e derrota não existem. Caminhar é uma alegria, acompanhado de uma bagagem secreta e um cão sempre alerta,ele se diverte e dança na beira do precipício.

Essa é a imagem do tarot. Um louco na beira do abismo que só possui o que é seu (e ninguém precisa entender ou saber) com um cachorro. Honestamente o cachorro é um mistério pra mim... talvez aquele amor incondicional que só um Louco poderia ter... vai saber!

Minha Vida quer ser assim, temperança sem fim que pode transitar em qualquer lugar.

Os símbolos

Não adianta ler sem ver as últimas 4, 5 ou 6 postagens... hoje o vazio me visitou mesmo. Tudo de uma vez, em partes.

Como falar em arte sem lembrar do tarot? Arte é a temperança. A medida certa das coisas. Meus pedaços no seu devido lugar permitindo a integridade. Quais são meus pedaços??? Pensamentos (mental), sentimentos (emocional) e ações (físico). Pra minha tristeza quase nunca caminham juntos.

Temperança é o arcano XIV do tarot, que representa um arquétipo... ah, não vou ousar explicar o que se revelou pra mim. Não quero te convencer de nada. Mas, neste momento mágico - e particular - percebo que aquela mulher com duas taças faz fluir a Vida.

Pede a integridade que é algo que Algo em mim clama.

Caminhar com a arte é aprender a Arte de caminhar. É abrir um canal entupido por crenças e informações obsoletas. A Arte renova, traz Vida fluída.

Quem não se permite ser acompanhado pela Arte (que a música carrega e faz vibrar, que o teatro exibe, que a escrita imprime, que a imagem reflete e que a poesia remete) morre uma morte triste, dessas que não permite o mundo novo que você poderia encontrar.

Sem Arte, a Vida deixa a desejar. nessa hora a personalidade se esbalda e você perde a calma que a paz te faz encontrar.

Escrever é minha Vida, meu pulsar. Minha certeza de que um dia eu hei de desabrochar.

Mudanças

Sinto em mim um tremor... não, na verdade é um abalo sismico. Desses que não deixa nada como era antes. Desses que insiste em deixar muito claro para minha integridade o que o meu mental (pedaço de mim) absorveu em um momento calmo, durante a saciedade da minha curiosidade sobre a filosofia budista: nada é permanente.

Para o mental isso é uma informação. Para a integridade é uma revelação que transforma.

Eu vivo metamorfoses constantes. É, alguém Raul já se percebeu como metamorfose ambulante.

Engraçado como o sabor individual leva ao saber coletivo. Por isso a Arte é fundamental. Fundamenta o palco onde dou meus passos nessa dança extraordinária do meu mundo. Me pergunto quando ele vai refletir isso de maneira concreta. Mas, peraí... reflexão não é concreta...

Se a Lua reflete no Mar e você observa, vai notar que a imagem tem movimento. Esse mesmo movimento que minha escuridão alcança quando está refletida na Luz que já recebeu diversos nomes (Alá, Buda, Deus, Krishna...)...

Não queria me confessar, mas no fundo percebo que almejava por alguma estabilidade... eita cultura arraigada que freia meus movimentos.

Parar é estagnar, e estagnar é imitar a roda de um carro (na Natureza nada está parado): girar tanto em círculos, em um ciclo tão vicioso e repetitivo, que se você observar a roda nesse momento tem a impressão de que ela está parada... mas ela só gira e gira, sem formar nenhuma espiral...

Tá, escrevo pra mim. Quem lê não tem o dever de compreender. Por isso me canso com o que alguns chamam de intelectuais. Eles querem entender tudo. Lógico que falo de um pedaço de mim que tudo quer entender. Mas, a verdade é que ele não me ajuda em nada, não revela nada. Só repete informações. A integridade - que o coração permite - me faz saborear e lembrar SUBITAMENTE das sementes que um dia encontrei. Arte é tão mágica que faz chegar até você o que precisa chegar. Se você lê pra papagaiar depois, pode apostar: em um instante já não vai se lembrar.

Revelo sem querer maneiras sutis que se desdobram em mim enquanto tento viver. Porque enquanto Vivo sou a própria Revelação.

E por que é tão difícil viver?????????
Viver de verdade, com plenitude e consciência. Talvez porque os nossos pedaços sejam muito, muito!, dispersos.

Umir, reunir. Unidade. Ah, lembrete do que posso alcançar.

Mas, se o que minha personalidade quer é estabilidade, ela quer na verdade essa união constante. Isso sim é uma doce ilusão. Posso contar com lampejos de unidade que me fazem girar em espiral, mais que isso seria desejar divindade em um corpo carnal. Ela existe, mas não pode ser estática. Precisa de movimento. Precisa de abismos. Precisa ser súbita pra um dia ser. E só ser.

A confirmação

Relendo as palavras do Drummond que carreguei como semente, confirmo o que me foi sussurado: enquanto sinto, penso e vivo o vazio de maneira ignorante sinto falta. Falta de alguma coisa que qualquer coisa pode preencher, tamanho o desespero. Com um esforço de consciência, que vai me proporcionar amadurecimento em algum agora (hoje) é possível sentir o vazio como um presente de infinitas possibilidades.
A grande questão é: eu sei movimentar a ignorância que carrego e o saber que alcanço, através dos sabores (e dissabores)que me acompanham, na vida prática????

Acho que se soubesse estaria dormindo em paz. Mas, veja bem como o funcionamento das coisas é harmônico (mesmo que a personalidade insista em julgar como bom ou ruim): se eu estivesse dormindo em paz, você - que resolveu acompanhar o rumo sem rumo destas palavras até agora - não estaria experimentando a energia dissipada no momento em que a intenção é desabrochar.


Conselho: quer entender vai lá embaixo (literalmente). Esta é uma postagem em etapas. Hoje o vazio é tanto que uma só não me basta.

O prometido

Blog é amigo do taoísmo. Pra entender o que está em cima, basta olhar o que está em baixo. (Andrea):p

Ausência (Drummond)

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..." Clarice Lispector