Labirintos

O avanço pode ser em direção a uma parede, que cumpre a função de redirecionar os passos.
(Andrea Carolina)

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Mudanças

Sinto em mim um tremor... não, na verdade é um abalo sismico. Desses que não deixa nada como era antes. Desses que insiste em deixar muito claro para minha integridade o que o meu mental (pedaço de mim) absorveu em um momento calmo, durante a saciedade da minha curiosidade sobre a filosofia budista: nada é permanente.

Para o mental isso é uma informação. Para a integridade é uma revelação que transforma.

Eu vivo metamorfoses constantes. É, alguém Raul já se percebeu como metamorfose ambulante.

Engraçado como o sabor individual leva ao saber coletivo. Por isso a Arte é fundamental. Fundamenta o palco onde dou meus passos nessa dança extraordinária do meu mundo. Me pergunto quando ele vai refletir isso de maneira concreta. Mas, peraí... reflexão não é concreta...

Se a Lua reflete no Mar e você observa, vai notar que a imagem tem movimento. Esse mesmo movimento que minha escuridão alcança quando está refletida na Luz que já recebeu diversos nomes (Alá, Buda, Deus, Krishna...)...

Não queria me confessar, mas no fundo percebo que almejava por alguma estabilidade... eita cultura arraigada que freia meus movimentos.

Parar é estagnar, e estagnar é imitar a roda de um carro (na Natureza nada está parado): girar tanto em círculos, em um ciclo tão vicioso e repetitivo, que se você observar a roda nesse momento tem a impressão de que ela está parada... mas ela só gira e gira, sem formar nenhuma espiral...

Tá, escrevo pra mim. Quem lê não tem o dever de compreender. Por isso me canso com o que alguns chamam de intelectuais. Eles querem entender tudo. Lógico que falo de um pedaço de mim que tudo quer entender. Mas, a verdade é que ele não me ajuda em nada, não revela nada. Só repete informações. A integridade - que o coração permite - me faz saborear e lembrar SUBITAMENTE das sementes que um dia encontrei. Arte é tão mágica que faz chegar até você o que precisa chegar. Se você lê pra papagaiar depois, pode apostar: em um instante já não vai se lembrar.

Revelo sem querer maneiras sutis que se desdobram em mim enquanto tento viver. Porque enquanto Vivo sou a própria Revelação.

E por que é tão difícil viver?????????
Viver de verdade, com plenitude e consciência. Talvez porque os nossos pedaços sejam muito, muito!, dispersos.

Umir, reunir. Unidade. Ah, lembrete do que posso alcançar.

Mas, se o que minha personalidade quer é estabilidade, ela quer na verdade essa união constante. Isso sim é uma doce ilusão. Posso contar com lampejos de unidade que me fazem girar em espiral, mais que isso seria desejar divindade em um corpo carnal. Ela existe, mas não pode ser estática. Precisa de movimento. Precisa de abismos. Precisa ser súbita pra um dia ser. E só ser.

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